segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Da Selva aos Andes - parte 1:Puerto Maldonado à Marcapata






Sai de Puerto Maldonado as 3 da manha e viajei as primeiras horas totalmente no escuro. A estrada contudo era segura, e pude viajar com absoluta tranqüilidade. Quase não havia trafego, embora nos primeiros quilômetros passassem por mim muitos táxis para pegar clientes na área peri-urbana de Maldonado, onde estão a maior parte das casas noturnas. Mas depois de alguns quilômetros, a estrada ficou praticamente deserta.Percebia apenas que estava em uma leve, mas constante subida.

Algumas horas depois o sol surgiu atrás de mim, lançando os raios da aurora por cima de minha cabeça.

Quando tudo começou a ficar mais claro, comecei a perceber que estava em uma região de floresta, mas com um solo totalmente diferente da região do Juruá. Ao invés do barro, lama e dos terrenos arenosos, imensas quantidades de cascalho brotavam a superfície, especialmente nos córregos que cruzam por baixo da pista. A água também, ao inves de barrenta ou negra como em nossa região, límpida e cristalina. A paisagem é bela e a estrada, boa e segue tranqüilamente assim ate a localidade Quince mil, onde surge um aviso diante do condutor: “Peligro de Muerte”. Daí para frente a estrada fica mais perigosa e também mais bonita. Contudo, é perfeitamente possível dirigir sem pressa e observar a paisagem. A estrada alias é uma obra admirável de engenharia, pontes suspensa a grandes altura em terrenos íngremes e curvas muito angulosas. Ainda assim, na maior parte da viagem há pista dupla, o que possibilita dois carros passarem em sentidos opostos. As exceções são os trechos em obras que são em geral bem sinalizados enquanto um funcionário da construtora regula o transito com placas abrindo e fechando para cada um dos lados. Absolutamente seguro. Algo que não vi, por exemplo, na BR 364 e que muitas vezes cria grandes complicações especialmente para os caminhoneiros.

Um dos trechos mais incríveis da viagem e o cruzamento do rio Inambari. Uma admirável ponte suspensa cruza o rio em grande altitude. Em algumas passagens o rio esta bastante deteriorado pelo efeito da mineração. Vemos nele uma água barrenta, e uma grande quantidade de cascalho fora de lugar, o que mudou um pouco o leito natural do rio. Mais acima, o rio apresenta sua beleza natural. De uma lado vemos o rio com seu grande caudal, corredeiras impressionantes que descem dos Andes em meio a floresta. A Floresta neste ponto, me lembrou um pouco a Serra do Mar. Imensos paredões de pedra cobertos com uma vegetação exuberante, muitas flores exóticas como orquídeas nascem em meio as arvores. Apesar da semelhança com a Serra do Mar, a paisagem supera em imponência, pois o rio que corre é imenso e os paredões de pedra se erguem a alturas inimagináveis no Brasil.

Cada curva na montanha é um mergulho mais para dentro dos Andes, é possível muitas vezes perceber a mudança de clima de vegetação a cada volta, para muitas vezes retornar ao bioma anterior. Isto por que a viagem, embora seja para o alto é feita de subidas e descidas, há vales profundos no interior que não são possíveis de serem cruzados no alto, então é necessário descer até quase o nível do rio, para novamente uma ponte cruzar para o outro lado. Então começa-se uma nova volta subindo pouco a pouco.

Mais adiante percebi uma mudança significativa na vegetação. As arvores, cada vez mais finas, são agora cobertas por liquens e musgos, muitas tem raízes aéreas. Uma forma de captar a umidade do ar, uma vez que a camada de solo é muito pequena até a rocha nua...

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