segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pucalpa, Solidão e Rock n' Roll


Sou impelido a escrever por nada mais do que o entra e sai de putas deste hotel. Fim de viagem , e quase já nao me sobre a “plata” para pagar este pulgueiro.

Elas, apesar de contarem com o meu total e irrestrito respeito, nao me deixam dormir todavía.
Pucallpa é uma grande farra: madeira, ouro e outras cositas más fazem a plata circular em suas veias. E para fazer jus às contradiçoes, é também a cidade ayahuasqueira por excelencia, verdadeira referencia nacional e internacional. Mas, meus caminhos, com seus pneus e carburador me levaram aos motoqueiros e estes curtem rock e cerveja. Tudo bem, aceito o destino, desta vez. Com minha moto parada na oficina há uma semana, estou sem mobilidade. Dinheiro, nem para o Ceviche. Por bem que ainda si puede tomar “massato” por apenas 50 céntimos. Pela primeira vez, sinto o “hueco” (buraco) da solidao a me perturbar.

Nao fora asim durante toda a viagem. Percorri satisfeito as altitudes, selvas e desertos. O Sol, o Céu e as Montanhas me bastaram imensamente. Nao havia solidao, nem mesmo solito na noite silente da montanha sob as estrelas em Taray.

Havia antes um transbordamento de felicidade, de contentamento, e se senti a falta de alguém do meu lado, nao foi para tapar algum “buraco” deixado pela solidao, senao, para compartir a beleza de cada lugar por onde passei.

Que belo mergulho no inferno, Pucallpa. Jamais me olvidarei! Tuas ruas entupidas de “motocars”, teus tratores selvagens, tuas esquinas, teus farois.

Jamais esquecerei da acolhida dos hermanos “Charapa´s Rally Club” , aventureiros do Peru Selvático.Um mundo tao diverso do meu. Nao tanto pela patria, mas pelas escolhas. Mas se sao fronteiras que nos separam, por que nao cruzá-las? Nunca em toda minha viagem tive tantos amigos, e nunca me senti tao só.

¿Serao as ilusoes que entopem os sentidos?
¿Serao as luzes, as ofertas, os desejos?

Alimentos que nao me servem mais.
Prazeres que apontam em uma única direçao posivel: o vazio.

Vazio que encontro em miha alma. Tao facil é recheá-lo com fantasias doces, quao amargo é descobrí-lo oco.

Mas assim o é. Tampouco econtrei a verdade nos saloes estéreis de adoraçao.
Ainda que imersos em ilusoes estas sao pessoas reais. Gente com a mao suja de graxa que comparte uma cerveza com seus amigos na porta da oficina.
Talvez seja melhor que o prazer mesquinho de contar as notas ao fim do dia. ¿Quem saberá?

Nao entendo mais nada. Mas aos poucos aceito a verdade de que nao há nada para entender.

A vida, essa sim, nos dá razoes de sobra para enlouquecer. ¿E o fazemos?

Extamente isso: enlouquecemos, para poder viver.

Diferente disso, é a distancia, o veto gélido em minha cara, a infinita geografia. Montanhas e Vales, frio e calor, isso para mim é real. O mais é questionavel.

A montanha está ali e temos que subir-la. A cada curva a respiraçao nos falta. Realidade pura despertando os sentidos.

Um paredao de pedras estrangulando a visao e o caminho. O eco de nossos passos. A claustrofobia apertando a garganta. E ao final, se abre, desvelando-se quem sempre esteve alí: o infinito Céu azul, cobrido verdes vales e montanhas.

A liçao que aprendi no Tawantinsuyo é de amar a Realidade, bela ou feia, nao há como separá-la nem de Deus, nem de nós.

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