segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pucalpa: cidade irmã de Cruzeiro do Sul





Chegar a Pucallpa traz uma emoção especial. Primeiro, por que é o destino final de minha viagem no Peru, restando agora somente a travessia de volta para casa. Segundo, por que é uma cidade que todos nós do Juruá pelos menos já ouvimos falar uma dezena de vezes. Considerada como uma “cidade irma” de Cruzeiro do Sul, Pucallpa tornou-se a residencia de muitos cruzeirenses, assim como também Cruzeiro do Sul é o lar de muitos pucallpinos.
Há uma forte identidade com o Brasil, e especialmente o Acre e a Amazonia. Um dos pioneiros fundadores de Pucallpa foi o brasileiro de Tefé no Amazonas: Augustim Cauper Videira e outro, um portugues residente no Amazonas: Antonio Maia de Brito.

Cultura e Culinária

Algo que surpreende em Pucallpa, capital do departamento de Ucayalli é que a cultura indígena está integrada à cultura regional. Assim, é possivel se tomar “massato” (caiçuma) nas ruas, em bares e restaurantes. Aliás, dos melhores restaurantes até as pequenas pensoes do mercado Server pratos que sao típicos da cultura indígena, como por exemplo a “pataraska”, que no Juruá conhecememos como “peixe na pupeca”. Há também carnes “ahumadas (amuquinhadas) e o famoso “tacacho”: bolo de banana grande amassada. Pratos que quem anda pelos seringais e aldeias do Juruá, se ainda nao provou, pelo menos ja ouviu falar, mas que aquí, sao servidos em restaurantes de primeira linha.

Do mesmo modo, há quiosques que server a “aguaje”, nosso popular buriti, e os pucallpinos adoram fazer uma parada lá pelas cinco da tarde para tomar uma “aguajina”.

Um outro exemplo desta integraçao da cultura indígena à cultura regional é a quse onipresença dos desenhos e nomes Shipibo por toda Pucallpa. Seja nas paredes da universidade, no relógio da praça central, e mesmo em roupas da moda que vao de camisetas a biquinis, os inconfundiveis desenhos Shipibo estao por toda parte.

Madeira

A principal atividade economica e verdadeira mola propulsora da economia ucayalina é a extraçao madeireira. Em tese, existem tramites legais semlehantes ao Brasil: exigencia de plano de manejo, fiscalizaçao do organismo responsable (IRENA, semelhante ao IBAMA) e etc. Na prática, percebe-se que há uma pressao muito grande pelo produto madereiro. Por outro lado encontramos plantaçoes de mogno nos arredores de Pualpa, e também é grande o numero de engenheiros florestais formados pela universiadde federal de Pucalpa. Mas, entre a populaçao mais esclarecida, já se passa a sensaçao de que o “ciclo da madeira” já esteve no seu ápice e começa a declinar. É aí que muitos sonham com a integraçao a Cruzeiro do Sul. Principalmente pela possibilidade de desafogar uma economia que parece estar em vias de uma asfixia. Asfixiante é também o ar da cidade, caregado por millares de “motocars” (triciclos motorizados) que substituem a total ausencia de transporte público. Em muitos aspectos, Pucalpa é uma demonstraçao d euma cidade em que circula muito dinheiro, onde o setor privado domina e o setor público se ve as voltas com uma cidade que cresce em ritmo vertiginoso, com novos bairros e invasoes a cada ano.

Integração

Integraçao copm o Brasil via Cruzeiro do Sul é a palavra do dia em Pucalpa e no Ucayalli. Os ucaialinos também lutam para sair do isolamento e falta pouco para concluir o asfaltamento da estrada para Tingo maria, de onde se pode chegar até Lima, há pouco mais de 800 km de Pucalpa. A estrada, ainda que nao esteja concluida, é transitable o ano todo, embora se possa gastar mais de 10 horas para percorre um trecho de apenas 250 km. Foi iniciado um estudo topografico para a abertura até a fronteira, mas o prometo foi postergado, pois depende de muitas conversaçoes com o Brasil e eles, assim, como nós, ainda precisam concluir a sua carreteira interna.



Fotos: Torre do Relógio em Pucallpa trás detalhes em "kenê" indígena. Na segunda, detalhe de uma cura com ayahuasca, parte da cultura regional ucayalina.

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