segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Descobrindo Cuzco




Chegar em Cuzco foi com certeza um dos melhores momentos de minha vida. Na Praça de Armas, pessoas elegantes passeavam entre as flores e monumentos. Em frente a Catedral, músicos e dançarinos executavam uma pequena festa tradicional.
A cidade possui uma excelente infra-estrutura para recebimento de turistas, desde hotéis e restaurantes para diferentes preços e gostos, a guias que conhecem a cidade como a palma de suas mãos. Engana-se quem ainda pensa que Cuzco é uma cidade para mochileiros. Cuzco é na verdade uma cidade muito sofisticada, onde se encontra a cultura incaica com o melhor da cultura ibérica. Encanta o charme de seus prédios com balcões ricamente esculpidos em estilo moçárabe. Há restaurantes finos e caros, para de diferentes gostos e estilos.
É verdade que o acesso de turistas do mundo com seus dólares e euros, inflacionou os preços em Cuzco que é bem mais cara que em outras partes do pais. Ainda assim, é possível fazer turismo gastando menos do que em certas partes do Brasil.
Fiquei em um hotel razoável por 45 soles (1 real= 1.50 soles). Quarto bom, com banheiro, pátio interno e internet. Os pratos custam a partir de 10 soles até 60 soles ou mais.
No entanto, para quem quer gastar menos e possível se hospedar e comer bem fora do Centro Histórico, monde pulsa uma cidade movimentada e barulhenta. Lá pode-se comer bem com apenas 3 soles. O mesmo vale para compra de artesanato ou roupas de frio, o que quase sempre é necessário. Há roupas maravilhosas feitas de lã de lhama e alpaca. Coisa de primeiro mundo. Também há capas de frio que no Centro Histórico chegam a custar 600 soles e que encontre no Centro Comercial “El Molino” por 70 soles.
Os passeis obrigatórios pela cidade incluem a visita as suas incontáveis igrejas, capelas e conventos, de uma arquitetura belíssima. No entanto, a descoberta maior são as construções incaicas e pré-incaicas que fazem de Cuzco um verdadeiro sitio arqueológico a céu aberto. A maioria das igrejas e construções coloniais foi erguida em cima das paredes incas, que possuem uma tecnologia que minimiza os efeitos dos abalos sísmicos que assolam a cidade há milênios.
Um destes sítios é a antiga residência oficial de Inca Roca. Embora parte dela tenha sido destruída pelos espanhóis, o paredão está bem preservado e resistiu melhor aos terremotos que algumas construções espanholas. Lá é possível observar a famosa “pedra dos 12 ängulos” que sustenta todo o restante da construção e nos da um pouca da visão da tecnologia dos antigos incas. Há a imagem um Puma e de uma Serpente escondida entre as pedras, dois dos animais totêmicos dos antigos incas. Infelizmente o terceiro, o Condor, acima dos demais, foi destruído pelos espanhóis como forma de demonstrar sua superioridade.
Outro sitio arqueológico dentro da cidade é o “Qoricancha”, base em que foi erguida a Igreja de São Domingos. Parte das construções subterrâneas estão visíveis e nos dão uma idéia da magnificiëncia dos antigos incas e da estupidez disfarçada em fé dos antigos espanhóis. A diferença de qualidade entre as construções incaicas e espanholas é tão gritante que uma frase comum a que ouvi muito em Cuzco quando se aponta uma construção inca se diz: “esta foi feita pelos incas” e ao apontar para as espanholas: “esta pelos incapazes”.
São inúmeros os museus por toda a cidade, o que torna impossível conhecë-los em um único dia.
Andando nas ruas acima da catedral há a “Plazoleta de San Braz”.
Em volta dele, há uma pequeno bairro de ruas estreitas, e onde existem diversos atelieres e galerias de arte. E possível admirar a obra em pintura de artistas barrocos e também pinturas e escultura em pedra e madeira de inspiração incaica.

Cuzco Além do Turismo

Apesar de muitas vezes se pensar que muito do que se agrega da cultura incaica seja na verdade um componente turístico, a verdade é que muito desta cultura permanece viva mesmo em vilarejos onde quase não há o acesso de turistas. Seja na língua quéchua falada fluentemente nas ruas, seja nas vestes tradicionais que caracterizam os habitantes de cada comunidade, ou ainda na sua rica culinária, a referëncia passado incaico é bem mais do que algo “para inglês ver”.
Pelo contrario, ao sair do Centro Histórico há inúmeros monumentos, praças e magníficos painéis modernos que se referem a gloria dos antigos incas e ao fundador da cidade, o Inca Manco Cápac.
Também são fartos os monumentos aos heróis da “Inconfidência Cuzqueña” que liderados por Tupac Amaru, tentaram a independëncia do Peru por volta de 1780.
Mesmo na política atual, a gloria e o exemplo deixado pelos incas tem uma forte influencia em todo Peru , especialmente em Cuzco. Os mais jovens, ainda que usem calcas jeans, sejam aficionados em internet e dancem ao som de musica tecno, não perdem a referencia de seus ancestrais, povo que há cerca de mil anos criou um império que se estendia da Colômbia ao norte do Chile, que tinha engenheiros, médicos, escolas, correio, sistema de abastecimento de água, irrigação e esgoto e que conseguiu praticamente eliminar o problema da fome e da miséria em um dos locais mais inóspitos do mundo. Uma lição que com certeza não pode passar despercebida pelos nossos governantes de hoje.




Fotos: 1- Varandas de Inspiração Ibérica. 2- Cuzqueñas na porta da Igreja de S. Domingo. 3 - Detalhe mostrandoi que a Igreja de S. Domingo foi construída em cima do templo Inca "Qoroicancha", feito séculos antes, com muito mais perfeição. 4- Um dos muitos mercados de artesanato 5- Painel Moderno contando a história de Cuzco e do Império Inca

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