segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Em Direção à Selva Central: La Oroya


Um dos maiores incovenientes de viajar no Peru é que os Andes praticamente nao permitem cortes transversais. Assim sendo, para sair da Selva de Puerto Maldonado para chegar na Selva de Ucayali, obrigatoriamente tem que se cruzar os Andes duas vezes. Ir ate Lima, no Oceano Pacifico e a partir dai entrar novamente nos Andes, num outro ponto, que aquí chamam de carreterera central. A imensa regiao entre Lima e Pucalpa, distantes por mais de 780 kilometros, denomina-se “Selva Central”.
Que Miraflores que nada!
Em Lima encarei o transito mais caótico de toda mina vida, e olha que Sao Paulo nao é brincadeira.
Depois de tantos alertas e historias reais de gente que foi assaltada em Lima, acehie que nao valia a pena tentar uma passada pela tradicional “Miraflores”. Melhor nao arriscar, vai que me levam tudo e eu fico a “Vernavios”!
Por isso, dirigi sem parar em Lima, por mais de 30 Km, ate chegar numa cidade mais hospitaleira chamada Chosica (há 800 metros do nivel do mar), ao que parece uma espécie de cidade utilizada pelos limeños para sair do caos da sua superpovoada capital (15 milhoes de habitantes).
Degelo
Depois de almocar um rápido Cebiche, segui adiante subindo em zig-zag, mas em um gradiente nao tao ingreme quanto o da transoceánica. A mais de 4 mil metros de altitude, me surpreendi com o aspecto do local, terra nua, vermelha, descoberta e sem vegetacao. Achei estranho aquel aterra toda sem vegetacao e mais alguns quilometros a frente descobri se tratar do degelo andino. Ou seja, aquel aterra toda há pouco estaba coberta de gelo, gelo que agora se transforma em chuva e umidade que vai nutrir a Floresta Amazonica.

Quase congelando, sem sentir a ponta dos dedos das maos e dos pes, passei pelo ponto mais alto da viagem 4.818 metros de altitude, em Ticlio. Mais abaixo, parei para pegar umas imagens e quase nao consigo mover as maos. Um grupo de mineradores parou para perguntar o que estaba fazendo e descobri que mina boca tambem nao respondia aos movimentos, tamaho o frio.
La Oroya
Entramos em uma regiao mineradora, onde se espera de tudo, menos turismo. Chegamos a La Oroya, que segundo os peruanos é a capital da mineracao na America do Sul. Uma antiga linha férrea ainda em uso, e casas antigas atestam que a mineracao já é praticada a algum tempo na regiao. Paredes pichadas com recentes convocacoes de greve, demonstram que estamos em um Peru marcado pela dura realidade de uma populacao que vive para produzir minerios que serao exportados para países distantes como China e Japao.
Paro para tomar um “chocolate quente” e a gentil senhora me diz que La Oroya é chamada de “París dos Andes”. Pergunto porque e ela me diz que é pelas luzes que dao um aspecto interesante a cidade a noite. De fato, apesar de pequeña, a movimentacao é intensa: barracas e restaurantes servem algo “caliente” para o frio, divindindo o espaco com casas mal iluminadas que vivem do lucrativo negocio da diversao para adultos.

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